O Teatro dos Sonhos šŸŽ­



 "Que esta casa seja sempre lembrada". Uma curiosa frase escrita num dos pilares deste antigo teatro com a data do ano 1992, uma mensagem que dĆ” certamente que pensar quando nos deparamos com este total abandono de um local que trĆ”s tĆ£o Ć­ntimas memórias a quem o frequentou.
 Desde meados de 1980 que mais ninguĆ©m se lembrou deste lindo teatro, de arquitectura oitocentista e recreativa, este local era um ponto de encontro importante para a população da pequena vila Ć  qual pertence, um marco cultural de relevo na altura.
 A construção desta antiga instalação cultural, resultou na adaptação de um antigo armazĆ©m que servia de tulha para cobranƧa dos dĆ­zimos da paróquia, isto em finais do sĆ©culo 18. 
Em 1856, o dono do armazém jÔ pensava em demolir o teatro, jÔ na altura apresentava vÔrios sinais de abandono e jÔ estavam em dívida vÔrios anos de renda. A salvação do local na altura foi a compra do armazém por parte de um notÔvel da vila, essa mesma pessoa em conjunto com uma sociedade cooperativa da região uniram esforços para erguerem de novo o teatro, tendo sido responsÔveis por obras de ampliação do mesmo e pela divulgação e organização de eventos que marcaram os serões culturais daquela pequena vila. Após as últimas obras de ampliação deste teatro, o mesmo ficou com capacidade para 530 pessoas na totalidade, lugares divididos entre plateia (120), geral (300), balcão de 1ª ordem (110) e mais dois camarotes de 1ª ordem, capacidade essa que dificilmente era atingida na altura mas ainda assim era um local com bastante vida e que contribuiu imenso para o desenvolvimento da cultura na localidade, não esquecendo também a sessão de cinema semanal que ali também foi implementada mais tarde e que fazia a delícia dos mais aficionados pela temÔtica.
 Infelizmente este teatro fechou mesmo em definitivo, todo o esforƧo feito pelas geraƧƵes passadas em o manter de pĆ© foi em vĆ£o, quando em 1980 o edifĆ­cio Ć© mandado encerrar pela Inspeção Geral de EspectĆ”culos, supostamente por falta de seguranƧa das suas instalaƧƵes.
 Aproximadamente 42 anos depois, o cenĆ”rio Ć© este que se pode observar pelas fotografias que captei em duas visitas da minha parte em datas distintas e com material fotogrĆ”fico diferente, daĆ­ a diferenƧa que poderĆ£o encontrar nos meus registos, tanto na qualidade da edição como nas mudanƧas do cenĆ”rio que foram operadas pela mĆ£o humana.
A degradação, apesar de bela ao olhar fotogrÔfico, é catastrófica para um local como este com tanto potencial e com as recordações históricas que tem para esta vila, um cenÔrio fantasmagórico prestes a desaparecer na totalidade, pois a estrutura jÔ não vai aguentar nem um quarto destes 42 anos de abandono que tem.
 Como jĆ” referi acima, visitei este local por duas vezes, Ć© um cenĆ”rio que nĆ£o deixa de ser lindĆ­ssimo apesar da sua decadĆŖncia, agora e cada vez mais agravada pela mĆ£o humana, um local jĆ” muito visitado por estranhos e tĆ£o pouco respeitado.
 A esperanƧa inequĆ­voca de quem usou este teatro Ć© de que a originalidade vigore nas ideias de quem de direito para poderem devolver a merecida vida a este local enquanto ainda se vai a tempo disso. JĆ” dizia António GedeĆ£o que "... o sonho comanda a vida" e o sonho de alguns Ć© e sempre serĆ” andar atrĆ”s da originalidade de outros. 
 Descobrir este local, quando ainda ninguĆ©m sonhava com isto, foi uma grande surpresa, na verdade, aquando da minha primeira visita, eu jamais esperaria encontrar este sĆ­tio em estado de abandono, uma vez que Ć© um edifĆ­cio que aparece como sugestĆ£o de visita Ć  vila e, curioso como sou, lĆ” fui espreitar e acabei por ficar boquiaberto com o seu estado, aproveitei claro para voltar ao carro e pegar no meu equipamento fotogrĆ”fico para iniciar assim mais uma reportagem aqui para o blog.



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