O Teatro Circo š
ConstruĆdo apartir de um teatro de raiz italiana, este antigo teatro foi inaugurado em 1905, tendo sido a partir da dĆ©cada de 60 a sua utilização para cinema tambĆ©m, e em Agosto de 1984 foi encerrado em definitivo.
Em 2001 foi adquirido pela câmara municipal local que tinha planos de demolir na totalidade a propriedade, ação essa que fora impedida pela população, impondo à autarquia uma providência cautelar.
Enquanto o futuro deste local permanece num aparente eterno impasse, a sua degradação vai avanƧando a passos largos como podem observar pelas imagens, caminhar no seu interior Ć© um autĆŖntico desafio Ć integridade fĆsica mas tambĆ©m na verdade, jĆ” muito vai resistindo a mais de 30 anos de abandono total.
Um pouco por todo o paĆs todos conhecemos exemplos de vĆ”rios teatros e cine-teatros que caĆram ao abandono e assim se mantĆ©m, por aqui no blog este nĆ£o Ć© o primeiro nem o Ćŗltimo que irĆ£o ver aqui publicado, pois como se dĆŗvidas existissem, vivemos num paĆs onde a cultura fica sempre um bocado esquecida e onde os investimentos parece que tardam sempre em chegar, quando na realidade somos um grande paĆs na criação de artistas que de facto elevam e dignificam o nosso nĆvel cultural. Por aqui, nesta sala teatral que era uma das maiores do paĆs nessa altura, passaram nomes como AmĆ©lia Rey ColaƧo, Vasco Santana, Simone de Oliveira e Raul Solnado.
Aqui era tambĆ©m um ponto de encontro importante para a população, onde o convĆvio era a imperatriz de quando havia espectĆ”culo.
Reconhecidas empresas da regiĆ£o tambĆ©m tinham por hĆ”bito organizar festas neste espaƧoso salĆ£o, em especial na Ć©poca natalĆcia, onde todos os trabalhadores e seus familiares tinham via verde de acesso ao espaƧo, como podem ver pela foto antiga que deixei no final do meu set, retirada de um grupo de Facebook organizado por vĆ”rias pessoas que lutam incansavelmente pela preservação deste espaƧo e que olham para este teatro com o devido valor que ele tem e representa para a população, um marco histórico que jamais deverĆ” ser apagado.
Desloquei-me, como quase sempre, sozinho a este espaƧo, um edifĆcio bastante conhecido um pouco por toda a gente e jĆ” em prĆ©-ruĆna, subir atĆ© ao Ćŗltimo piso foi um desafio, com parte das escadas jĆ” colapsadas e tendo que pisar em alguns apoios que tambĆ©m estĆ£o em praticamente fim de vida.
Apesar da degradação avanƧada, como podem ver, este espaƧo Ć© lindĆssimo, as cores do tecto fazem lembrar um pouco as tĆpicas cores de uma tenda de um circo e, contrastando com a decadĆŖncia do espaƧo e os raios de luz que dali reluzem diretamente, as fotos que saem sĆ£o por norma brutais.
Fala-se que a autarquia actual quer recuperar este espaço com fundos comunitÔrios, toca esperar para ver, ou serÔ que estarão apenas à espera que este importante marco histórico colapse na sua totalidade? Uma pergunta pertinente, para este e para tantos outros espaços por os quais tenho passado.
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