A Casa do Visconde š
Estas aventuras pelo mundo dos lugares esquecidos de facto levam-nos a conhecer locais e realidades totalmente distintas daquilo a que estamos habituados a lidar no nosso dia-a-dia. Neste caso em especĆfico, trata-se de um dos locais com mais história que jĆ” explorei atĆ© hoje e, seguramente, um daqueles onde o tempo parou por completo após o seu fecho de portas.
ConheƧo muito bem este local, muito antes desta minha dedicação passional aos lugares esquecidos, assim como conheƧo algumas pessoas que usufruĆram das instalaƧƵes desta grande propriedade quando estava aberta ao pĆŗblico, mais concretamente Ć capela que era de livre acesso Ć população que vivia ali em redor deste solar.
De facto foi uma novidade para mim descobrir, atravĆ©s de outro blog que aborda a mesma temĆ”tica, que este local estava incrivelmente acessĆvel e, obviamente nĆ£o perdi a cĆ©lebre oportunidade de o poder fotografar.
De traƧo oitocentista, este autĆŖntico casarĆ£o destaca-se pelo meio da imperial paisagem em que estĆ” inserido e serviu de habitação a um importante Visconde da regiĆ£o nomeado por D. LuĆs I, rei de Portugal de entĆ£o, cujo nome nĆ£o vou revelar para nĆ£o desvendar pistas acerca da sua localização.
ConstruĆda em finais do sĆ©culo XVIII, pelo pai desse mesmo Visconde, esta grande casa possui ainda um lago e um grande jardim que complementam desta forma esta grandiosa propriedade.
Curiosamente, esta grandiosa quinta sempre foi de utilização meramente residencial e sempre esteve intimamente ligada Ć produção vinĆcola, negócio esse que sempre elevou o nome da propriedade. NĆ£o consigo precisar hĆ” quanto tempo este local se encontra desabitado, mas avaliando pela degradação exterior e pelo crescimento das trepadeiras que, timidamente, vĆ£o ocupando a habitação, arrisco em dizer que este local se encontra fechado pelo menos hĆ” uns 20/30 anos.
A propriedade dispƵe tambĆ©m de uma capela empedrada Ć qual era possĆvel aceder tanto pelo interior, como pelo exterior da casa. De altar pintado e dourado com imagens de madeira policromada, esta linda capela, como jĆ” referi acima, era de livre acesso Ć s pessoas que viviam ali próximas para efectuarem o seu momento de culto e veneração da Santa ali exposta.
Consegui descobrir que esta propriedade era bastante visitada pela população antigamente, nĆ£o só para momento de culto mas tambĆ©m era um ponto de encontro para os mais jovens que, usufruĆam sobretudo, da zona do jardim para ali se concentrarem e partilharem brincadeiras. Ainda no contexto religioso, muita gente acorria a este local para pagarem as suas promessas, mas tambĆ©m para adquirirem as "falachas", uma doƧaria tĆpica desses tempos.
Aquilo que era, antigamente, um ponto de referĆŖncia para o convĆvio da população, hoje Ć© mais um lugar esquecido e votado Ć sua própria degradação temporal. A boa notĆcia Ć© que, actualmente, o local jĆ” se encontra devidamente protegido e vedado, pois o actual proprietĆ”rio pretende instalar aqui uma pequena unidade hoteleira, seguramente um projecto que tem tudo para dar certo.
Assim foi mais uma pacĆfica aventura, seguramente um dos locais que estĆ” no meu top 3. Adorei cada detalhe desta mansĆ£o, mas confesso que a minha divisĆ£o favorita Ć© a grandiosa biblioteca com livros antiguĆssimos que sĆ£o autĆŖnticos tesouros e que, seguramente, irĆ£o criar uma sensação de inveja saudĆ”vel por parte dos leitores mais aguerridos pela leitura.
Ficam as memórias fotogrÔficas desta linda mansão da era monÔrquica e aguarda-se agora pela esperada renovação para devolver a esta propriedade o destaque grandioso que a mesma carece.
Belo registo
ResponderEliminarMuito obrigado!
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