A Casa do Barão 🏚











  Contrariamente às minhas últimas explorações, que têm sido feitas com a companhia do meu pai ou até mesmo sozinho, no caso específico deste local fui inserido num grupo de amantes de fotografia e da exploração de locais votados ao abandono, o que acabou por se tornar numa agradável tarde onde vigorou, acima de tudo, a boa disposição e um clima de convivência sempre necessário entre elementos com este mesmo peculiar gosto.
  Numa agradável tarde de Domingo foi dia de explorar esta grande quinta que inclui, para além do solar, um vasto terreno de produção agrícola e também a sua própria produção vinícola, e aliás, era um local na altura bastante conhecido por produzir um vinho de qualidade e bem representativo da região.
  Construção típica do século XVIII, a propriedade foi adquirida inicialmente por Jacinto de Sousa que nela terá construído uma grande casa com finalidade habitacional. De referir que, Jacinto de Sousa era um reconhecido mestre de obras, ele mesmo foi responsável pela direcção das obras de um dos palácios mais famosos do país e, curiosamente esta quinta tem alguns elementos decorativos influenciados por essa grande obra que Jacinto coordenou anteriormente.
Após o falecimento do Srº Jacinto, a sua viúva decidiu vender a propriedade, pois era demasiado grande para a senhora habitar por ali sozinha e era um local que lhe trazia sempre abundantes recordações. Foi então vendida ao Barão de Moçâmedes, um audaz militar e governador-geral de Angola que pertencia à nobre família Almeida e Vasconcelos. Este foi então responsável por bastantes melhoramentos na quinta, nomeadamente com a pintura de brasões nos tectos, e também foi responsável pela plantação da vinha.
  Como referi anteriormente, esta propriedade ficou bastante conhecida na região pela sua produção vinícola que elevava nesse aspecto o nome da zona para uma lista reservada e exigente no que toca à qualidade do vinho produzido. Como tudo na vida, essa produção foi conhecendo anos piores e melhores e foi já em meados de 1917 que a adega foi reconstruída, dotando assim a propriedade de equipamento mais eficaz e modernizado para facilitar essa mesma produção.
Sem dúvida que este local foi uma grande rústica propriedade com a sua produção de auto-suficiência, uma espécie de imagem de marca das casas senhoriais de então, onde obviamente não podia faltar a grandiosa capela com um altar em talha dourada, de facto incrível e felizmente ainda muito bem preservada.
  Em 1944 foram feitas obras nesta propriedade novamente, de forma a ampliar o imóvel dotando-o de painéis azulejares setecentistas que ainda hoje perduram, um estilo decorativo muito presente na capela e um pouco por todo o solar que realçam o aspecto nobre deste local.
Já em meados de 1951, foi feita uma grande alteração nos jardins envolventes ao solar, de forma a exaltar ainda mais a postura nobre da propriedade, exibindo esculturasbustos diversos e variadas espécies vegetais, algumas até centenares, tornando assim num lugar ainda mais singular e apetecível para lazer.
  E assim tem estado esta Casa do Barão, presa por um projecto em mãos desde 2006 que prevê uma reestruturação para aquela zona e que define esta propriedade como unidade hoteleira de tipo Resort, recuperando assim o solar e a adega anexa à mesma mas também com a previsão de um ambicioso alargamento do terreno da quinta, definindo um máximo de 5,0 hectares de vinha, no sentido de devolver o auge da produção do vinho da região a este nobre lugar. Projecto esse que finalmente decidiu arrancar bem recentemente e que se espera que jamais deixem cair no esquecimento este histórico local e que nunca deixe de acompanhar os sucessos mais nobres como assim foi antigamente.
  Foi assim uma bela tarde passada, em grupo e a fazermos aquilo que mais gostamos. De facto cada divisão da casa era uma viagem atrás no tempo até aos tempos da nobreza e o seu bom estado de preservação deve-se a uma pessoa que vigia o local e trata de tarefas viradas para a manutenção do terreno da propriedade, sendo uma espécie de "caseiro".
  Não quero deixar de agradecer a quem tornou esta visita possível, pois este local apenas era visitável através de autorização formal para o efeito.






Comentários

  1. Que lugar maravilloso!Que bonitos los azulejos! Bravo!
    Gilles

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  2. parabens tu tornas imortal o que o tempo já levou adorei o teu blog um abraço

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