Cemitério de Locomotivas 🚂








  Hoje trago aqui para o blog um local cuja sua localização é facilmente reconhecível e, por isso mesmo, o "timing" desta minha publicação é oportuno de forma a evitar ainda mais actos de vandalismo ao mesmo, pois actualmente estas antigas locomotivas já não se encontram neste lugar.
Trata-se de um local ferroviário que tem 4 locomotivas muito antigas e dignas de preservação em museu ali paradas no tempo em "fila indiana" e à mercê de actos de vandalismo. Mais ao fundo é possível avistar também 3 vagões praticamente "devorados" pelo tempo e pela mão humana que também tive oportunidade de fotografar de perto.
  Inserido numa zona muito privilegiada do país devido às suas incríveis paisagens naturais, este local tem uma vasta história no que toca ao mundo ferroviário, história essa que nos dias de hoje carece de respeito e que se traduz no abandono/desleixo do material circulante, redução de postos de trabalho, etc. Tudo isso afecta diariamente um importante elo de ligação desta zona do país para com o litoral e, obviamente, os principais prejudicados desta visível falta de respeito são os habituais utilizadores deste trajecto e habitantes locais, tornando assim esta situação em "mais um cravo na ferradura" no que toca à falta de interesse para com o desenvolvimento do interior do país.
  Entre estas 4 imponentes locomotivas, 3 delas pertencem a uma "família" de locomotivas, numeradas dentro da série E200, com tracção a vapor que foram utilizadas pela actual CP em regiões como a antiga linha do Tâmega, Trás-Os-Montes e também pela rede do Vouga. 
Esta série fabricada pela empresa alemã Henschel & Sohn, é composta por 16 locomotivas, numeradas entre E201 e E216. Usavam um sistema de tracção composto por duas ou mais fases, com 4 cilindros exteriores, sendo o sistema traseiro accionado pelos cilindros de alta pressão, e o de frente, pelos de baixa. 
Originalmente foram construídos com o intuito de serem utilizados como reboque de comboios de mercadorias, mas depressa acabaram por serem utilizados um pouco por todos os tipos de serviço disponíveis, com maior incidência nas regiões acima referidas.
  A locomotiva que se encontra na parte frontal dessa fila de quatro composições, e que serve como foto introdutória deste artigo, já é bem mais recente do que as da série E200 e tinha como serviço exclusivo o de transporte de passageiros. Aliás é uma locomotiva que passou grande parte da sua vida útil a efectuar um serviço numa linha que para mim é bastante nostálgica, a linha do Corgo.
Encerrada em Julho de 2010, a linha do Corgo era um importante transporte para as povoações mais isoladas do distrito de Vila Real de forma a conectá-las às sedes de concelho. Num trajecto com aproximadamente 80 km's de distância entre Régua e Chaves, estas locomotivas de via estreita tinham esse importante papel que, hoje em dia, foi substituído por transporte rodoviário de forma a minimizar o impacto do encerramento da linha, uma medida que, ainda assim não cobre as necessidades adicionais criadas pelo afastamento do transporte ferroviário da zona.
  Um trajecto que para mim, e já como mencionei anteriormente, é bastante nostálgico, pois quando era miúdo viajei imenso de comboio entre a Régua e Vila Real na companhia do meu avô. Lembro-me tão bem dessas memórias como se fosse ontem, eram tempos bem mais simples que os actuais e onde vigoravam valores que hoje, infelizmente, estão a cair em desuso. Na altura íamos até Vila Real passear e desfrutar ainda mais do elevado tempo que juntos passáramos.
  Felizmente algo já está a ser feito para a preservação deste material circulante histórico e espero que assim continue a nível nacional, o nosso país tem uma forte tradição e história no que toca ao mundo ferroviário e acaba por ser triste a diferença que actualmente existe entre o litoral e interior da nossa nação, uma diferença que, a meu ver, interessa a quem ocupa os cargos governamentais cimeiros.





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