A Casa do Chapéu 🤠

  O meu regresso aqui ao blog coincide com uma fase complicada que o país e o mundo estão a viver actualmente, graças à pandemia do novo coronavirus que levou ao isolamento de muitas pessoas, o que não foi o meu caso e, devido à minha atarefada rotina não tenho vindo até cá ultimamente com novas publicações.
Mas hoje de facto é dia de revelar um daqueles locais que nos surpreendem pela positiva assim que exploramos o seu interior, uma autêntica caixinha de surpresas que só peca pelas vastas vezes que já foi saqueado, pois toda a casa estava bastante remexida, algo que não surpreende em demasia dada a localização em que a casa se insere.
  Explorei este local na habitual companhia do meu pai, foi um dia totalmente dedicado à fotografia e exploração de lugares esquecidos, onde este local acabou por ser o primeiro do dia, dando assim o mote para um grande dia de explorações.
Não estava muito confiante que fosse um lugar interessante, dado o avançado estado de degradação exterior da casa mas assim que entrei mudei imediatamente de ideias, fiquei totalmente surpreendido com o "recheio" ainda ali presente. A sala de jantar com as cadeiras em tom encarnado é sem dúvida o cenário de destaque desta antiga quinta que tinha como principal propósito a exploração vinícola.
Demorei imenso tempo no interior desta casa, bem mais do que esperava, pois havia bastantes detalhes para observar e captar. Por incrível que pareça, em relação ao cenário da sala de jantar que parece propositadamente montado, já estava assim mesmo antes de eu chegar e, ao avaliar pela enorme presença de pó em todos os elementos do cenário, já está assim há bastante tempo, o que não deixa de ser bastante curioso.
  Em relação à história do local muito pouco consegui desvendar e a pouca informação que consegui foi graças a um vizinho que encontrei ao sair do local, pois no interior da habitação os poucos registos que havia estavam praticamente ilegíveis. O senhor, já com os seus 73 anos de idade, obviamente olhou para nós com olhar desconfiado mas depressa percebeu que estávamos ali com boas intenções e acedeu amavelmente à nossa abordagem na busca de informações em relação a esta quinta. O senhor acabou por nos dizer que esta quinta deixou de ser habitada após o falecimento do legal proprietário e que os seus herdeiros nada fizeram para reabilitar a casa, caindo assim na inevitável degradação e ficando sujeita a sucessivos assaltos. Foi-nos dito também que, após o abandono da casa, o terreno referente à quinta manteve-se sob manutenção por via de um antigo empregado desta exploração vinícola e que era amigo próximo da família, mas passado alguns meses esse senhor também deixou de ser visto por ali. De facto o terreno é bastante vasto e de referir que a casa possui um grande refeitório que, certamente, era onde serviam as refeições a todos aqueles que se dedicavam à exploração do terreno nas horas de trabalho.
  Acabou por ser uma aventura bastante proveitosa a nível fotográfico e que superou bastante as minhas expectativas, fica apenas a mágoa de este local já ter sido bastante saqueado mas infelizmente parece que é uma tendência cada vez mais comum neste tipo de lugares.
  Cerca de dois meses mais tarde e, totalmente ao acaso, passei pela zona onde esta casa se insere e reparei que o terreno foi todo limpo e a casa estava fechada a cadeado, fica assim a esperança de que alguém se tenha lembrado de dar uma nova vida a esta casa, ou pelo menos preservar as memórias que ainda sobram e que merecem todo o respeito.