Casa dos Provérbios 🏚
As ervas altas e a "consumirem" a fachada da casa não enganaram, estava perante mais uma propriedade totalmente ao abandono e, pelo seu estado de degradação, um abandono total com uns bons anos.
Tinha deixado este local marcado no mapa para visitar mais tarde num dia em que me dedicasse à exploração e assim foi. O acesso, que parecia bastante fácil, revelou-se difícil devido à densa vegetação e, já no átrio da casa, um amontoado de silvas que só as consegui desbravar graças à preciosa ajuda do meu indispensável tripé.
Assim que entrei quase que tive a sensação de que houve algum tipo de revolução nesta casa, pois estava tudo bastante remexido e era um misto de degradação temporal com algum vandalismo. Ainda assim e, como podem ver nas imagens, a casa tinha ainda muita coisa no seu interior. Mobiliário de requinte e, curiosamente, mais antigo do que o exterior da casa fazia prever.
Destaco a abundante presença de pratos com provérbios portugueses, algo que não é nada raro encontrar neste tipo de habitações mais antigas mas, neste sítio em particular, eram mesmo muitos e até na sala de estar estava lá um painel de azulejo na parede com um provérbio bem destacado dos demais.
Os provérbios, como bem sabemos, são expressões de origem popular que muitas das vezes transmitem lições de vida e até conselhos mais práticos para o percurso da nossa vida que vão passando de geração em geração e que fazem parte da nossa cultura tão portuguesa.
Quem aqui viveu, de certa forma parecia querer realçar essa cultura portuguesa e mostrar o orgulho na mesma de forma a usá-la como forte elemento decorativo no interior da sua casa. Talvez porque esta família viveu muito tempo em Inglaterra, geraram fortuna por lá e construíram aqui esta casa que faz parte de uma grande quinta de produção vinícola e, onde uma boa parte da sua colheita era exportada para Inglaterra.
Descobri que esta família tinha exatamente o mesmo negócio em território inglês, negócio esse que foi herdado da geração anterior e que mais tarde quiseram regressar ao seu país de origem mantendo a mesma atividade.
Esta casa ainda era bem grande e a sua construção um pouco peculiar. Confesso que perdi a conta aos quartos que esta habitação tinha, vivia aqui uma família bem numerosa. A sala de estar era complementada na mesma divisão com a salinha de jantar que, curiosamente e contrastando com a larga quantidade de quartos, era uma mesa bem simples e pequena. Logo no corredor ao lado uma zona de bar ainda com algumas bebidas alcoólicas lá guardadas. Destaco também a grande adega que esta propriedade tinha, adornada a meio com umas escadas em caracol que iam dar, aí sim, a um grande espaço com uma grande mesa de jantar, provavelmente para servir de zona alimentar a quem colaborava nesta quinta.
Esta exploração ainda ocupou-me cerca de uma hora e pouco, pois apesar do empenho fotográfico que tive, nomeadamente numa luta contra grandes focos de luz em algumas divisões, ainda fui desvendando a história em alguns documentos que encontrei lá na zona do escritório.
O proprietário era uma pessoa bem conhecida e por isso mesmo não revelo o seu nome, precisamente para não revelar pistas sobre a localização desta casa.
Comentários
Enviar um comentário