A Fábrica Tóxica ☢







  Hoje é tempo de trazer aqui para o blog um local que visitei por duas ocasiões e já há bastante tempo atrás, se não me engano foi mesmo há mais de 2 anos que explorei esta grande instalação industrial.
  Um local cujo seu abandono está envolto numa grande polémica e já foi merecedor de vários alertas por parte das entidades ambientais, graças ao facto de que esta antiga fábrica se dedicava a produzir materiais que continham amianto, uma substância cancerígena que ainda existe em várias edificações por esse país fora. As entidades ambientais alertam para o grave perigo de contaminação das povoações próximas e, chegam já a considerar que essa contaminação tenha já começado de uma forma mais lenta, pois os materiais encontram-se ali ao abandono em céu aberto há imenso tempo, o que fortifica a concentração da substância na zona, metendo assim em causa a saúde pública dos habitantes locais.
  As fibras de amianto são microscópicas e praticamente indestrutíveis, geralmente alojam-se nos pulmões onde podem degenerar doenças muito graves na zona pulmonar como fibroses ou até mesmo cancro do pulmão.
  Esta empresa destacou-se por ser uma das primeiras empresas do país a dedicar-se ao fabrico e comercialização de artigos de fibrocimento, nomeadamente tubos para saneamento e chapas para coberturas e revestimentos.
Fundada em Setembro de 1942, esta grande unidade industrial sempre assumiu uma posição líder no mercado deste ramo e sempre foi acompanhando o desenvolvimento tecnológico da melhor forma. Em meados de 1999, esta empresa viu mesmo reconhecido o seu empenho e dedicação através da Certificação de Qualidade (ISO 9002) atribuído pela APCER.
Foram longos anos de sucesso e marcando sempre uma posição de liderança no mercado que não fariam prever em nada o final nefasto que a empresa acabara por ter. O agravamento da crise económica na altura e da contracção do mercado da construção acabaram por ditar o fim de uma das maiores empresas do concelho. A empresa acabaria por entrar em insolvência no final do ano de 2011, tendo assim que despedir os seus últimos 85 colaboradores e acumulando um total de 10 milhões de euros em dívidas. Do valor total dessa dívida, cerca de 3 milhões de euros diziam respeito a remunerações não recebidas pelos seus trabalhadores. A banca acabaria por deter a maior fatia do bolo dessa dívida (6,2 milhões de euros), já o restante valor em dívida pertenciam às contribuições para a Segurança Social e Finanças.
  A exploração a esta grande fábrica decorreu sem problemas e até se tornou um pouco desafiador caminhar no interior da área de produção da mesma, pois as escadas metálicas eram apertadas e destinam-se aos pisos superiores que são bastante altos em relação ao solo. Mas antes desse momento mais tenso, comecei mesmo por fotografar a zona do posto médico, onde faziam as consultas aos trabalhadores da unidade fabril e onde por lá ainda se encontram as fichas médicas de muitos deles que, apesar de ter fotografado detalhadamente, são fotos que não irei apresentar para manter o sigilo da identificação das pessoas.
Após uma longa caminhada pela fábrica, a visita terminou numa divisão que certamente impressiona muitos de vocês, nada menos que o laboratório, ainda com imensas substâncias lá guardadas mas sem dúvida que era a zona mais remexida de toda a fábrica, onde se sentia um cheiro forte e quase nauseabundo, muito provavelmente oriundo de alguns frascos que se encontram lá partidos.
  Um lugar incrível com uma identidade muito própria e cujas suas paredes testemunharam o dia-a-dia de imensos trabalhadores, o que torna este tipo de locais bastante históricos e também um espelho da história de vida que as pessoas por aqui passaram. Infelizmente hoje não passa de uma autêntica bomba ambiental e uma possível ameaça à saúde pública.






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