A Casa do Sargento 🏚

  




   Vamos lá então abrir o mês de Março aqui no blog com mais uma história de uma habitação esquecida, e neste caso, um local totalmente surpreendente. Surpreendente porque o seu aspecto exterior já está bastante degradado mas o interior da casa é precisamente o oposto e apresenta praticamente todo o "recheio" desde a data em que aqui deixou de habitar gente, apesar de já haver divisões um pouco remexidas.
   Em pleno passeio pela zona centro do país, e localizada numa muito pacata aldeia, ao deparar-me com este local, obviamente fui lá espreitar mas sem grandes esperanças fotográficas do mesmo devido ao avançado estado de degradação exterior da casa, mas assim que entrei por uma das portas laterais, depressa fiquei totalmente boquiaberto e percebi que iria passar ali um bom tempo a "clickar". Mal abri a porta fui dar a uma salinha de estar com um piano alocado ao fundo da mesma, piano já bastante degradado mas com um estilo interessante para a fotografia.
Apercebi-me que tinha aqui um bom "spot" para explorar e assim foi, percorri a casa toda e fiquei encantado com o "recheio" ainda presente, uma casinha felizmente ainda bem preenchida e conservada com o passar destes anos todos, obviamente vale a sua isolada localização como uma salvaguarda para a mesma.
Destaco, para além da salinha do piano obviamente, a excêntrica salinha de jantar com mobiliário muito próprio de meados da década de 80, 3 quartos onde 2 deles são de casal e uma despensa onde ao fundo está presente uma curiosa máquina de costura.
   Encontrei alguma correspondência numa gaveta de um dos quartos de casal, cartas sobretudo das décadas de 60 e 70, trocadas entre Manuel Ventura de Almeida e Elisabete (nomes fictícios). Elisabete estaria a viver em Lisboa e Manuel Ventura estava a seguir a sua carreira militar, onde era 1º Cabo Miliciano (actualmente Segundo-Furriel) no Regimento de Engenharia Nº1 na Pontinha e mais tarde já como Furriel durante o curso de formação de Sargentos na Escola Prática de Engenharia, em Tancos.
Pelo que li em algumas dessas cartas, ambos se conheceram em Lisboa, e como Manuel estava sob o rigido período de instrução na sua carreira militar, esta era a maneira mais fácil de manterem contacto um com o outro e onde desabafam dos problemas do dia-a-dia de cada um, bem como relatavam as saudades que sentiam um do outro, em especial quando Manuel foi transferido para Tancos, de facto consegui perceber que essa distância passou a preocupar mais Elisabete.
   Infelizmente não consegui desenvolver mais esta história, pois não consegui encontrar mais correspondência na casa, curiosamente era a divisão mais remexida do local, esse quarto estava praticamente revirado de "pernas para o ar".
No que toca ao possível ano de abandono deste lugar, não consigo precisar essa informação específica, mas encontrei na cozinha um calendário que datava a Setembro do ano 2000, e é bem possível que tenha sido esse o ano em que aqui deixou de viver gente. Não consegui encontrar também qualquer dado que me levasse à identificação de possíveis herdeiros, de facto é incrível como se deixa cair em abandono um lugar como este.
   Acrescento que esta casa é de facto mais um daqueles lugares especiais, onde que quem a visita por bem, leva sempre no seu pensamento um bocadinho da sua história, uma surpresa muito muito agradável sem dúvida! Acrescento também que utilizei nomes fictícos nos autores da correspondência encontrada para proteger e salvaguardar a localização exacta do local.





Comentários

  1. Banheiro aconchegante.A banheira branca , conservada.E as flores de plastico vermelha e amarela da vida e alegria ao lugar.👏👏👏👏👏👏

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