O Hospital Distrital šŸ„





   2 de Setembro de 1992. Foi esta a data do meu nascimento e foi precisamente no interior deste local que pela primeira vez comecei a olhar e a sentir o mundo, jamais imaginaria que cerca de 26 anos depois voltaria aqui para o fotografar na vertente de "abandonado". Hoje trago aqui para o blog a histĆ³ria de mais uma unidade hospitalar que caiu na quase inevitĆ”vel teia do abandono, cujo edifĆ­cio principal desta unidade foi construĆ­do Ć  mais de 130 anos.
   Hospital Distrital, construĆ­do para abranger um grande nĆŗmero de concelhos Ć  sua volta e assim foi, principalmente no que toca Ć  pediatria e aos nascimentos, muitas foram as pessoas de concelhos vizinhos, alguns bem afastados atĆ© deste hospital, que nasceram aqui, como foi o meu caso.
   Estas instalaƧƵes comeƧaram por pertencer Ć  Santa Casa da MisericĆ³rdia, salvo os Ćŗltimos 30 anos para cĆ”, altura em que a propriedade passou a pertencer ao Estado e Ć  cerca de 6 anos que se encontra neste total estado de degradaĆ§Ć£o e abandono. Abandono esse provocado pelo aparecimento de uma nova unidade hospitalar para servir a regiĆ£o, desde essa altura entĆ£o que o Hospital Distrital ficou sem vida e ainda com algum material no seu interior, em especial resĆ­duos tĆ³xicos que levaram a uma discussĆ£o bastante polĆ©mica na altura. PolĆ©mica essa que originou a retirada desse lixo tĆ³xico que ainda se encontrava por lĆ”, bem como do resto do material de auxĆ­lio hospitalar que ainda ficara, e apĆ³s esse dia as instalaƧƵes ficaram tambĆ©m sem vigilĆ¢ncia, passando a estar assim totalmente Ć  mercĆŖ do vandalismo, ali bem no centro da cidade e paredes meias com a PSP.
   Durante bastante tempo se discutia a possibilidade de as instalaƧƵes serem devolvidas de novo Ć  posse da Santa Casa, mas segundo a legislaĆ§Ć£o, o imĆ³vel teria que ser devolvido apenas nas mesmas condiƧƵes aquando do momento que foi adquirido pelo Estado, e para dificultar ainda mais o acordo entre as entidades, o Hospital tinha rendas em atraso que rondavam o valor de 400 mil euros. NĆ£o foi fĆ”cil mas, em meados de Outubro de 2017 houve mesmo o acordo entre as duas entidades com o devido pagamento das rendas em atraso, e assim a Santa Casa jĆ” estĆ” com alguns projectos em vista para o local, tais como a instalaĆ§Ć£o de uma Unidade de Cuidados Continuados ou atĆ© mesmo a instalaĆ§Ć£o de um centro de hemodiĆ”lise, atravĆ©s de um acordo jĆ” alcanƧado com um grupo de mĆ©dicos nefrologistas. Infelizmente essas decisƵes levam o seu tempo e enquanto isso as instalaƧƵes estĆ£o praticamente "entregues aos bichos". Mas de facto Ć© sempre confortante saber que algo estĆ” a ser feito em prol do futuro de umas instalaƧƵes tĆ£o histĆ³rias e com tamanho potencial, ao contrĆ”rio da vontade do Estado e do seu habitual desleixo oportuno no que toca ao futuro do interior do paĆ­s.
   A minha visita a este local decorreu de forma muito tranquila e na companhia do meu pai, como sabem Ć© o meu fiel companheiro nestas aventuras muitas das vezes, ele ainda se lembra bem de percorrer aqueles corredores e foi um momento engraƧado esta exploraĆ§Ć£o em conjunto com ele, sĆ³ faltou decifrar em qual sala exacta eu teria nascido!
Eu confesso que nunca frequentei este hospital, sĆ³ mesmo no momento do meu nascimento e internamento nos primeiros dias de vida, que obviamente sĆ£o momentos de recordaĆ§Ć£o impossĆ­vel. ApĆ³s isso sempre fui tratado no hospital da minha cidade, hospital esse que na Ć©poca nĆ£o tinha a capacidade para abranger nascimentos, apenas os cuidados do pĆ³s-parto.
  Confesso que foi um post especial e creio que muitos se irĆ£o identificar comigo no que toca ao sentimento em relaĆ§Ć£o a este lugar, esperamos todos por voltar a ver vida nestas grandes e polivalentes instalaƧƵes.





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